Sob o Encanto da Profecia
Inspirado na crônica “A Profecia da Cigana”
Por Neide Rodrigues
Apareceu sem pressa no meu caminho,
Com olhos de névoa e passos de luar,
Tomou minha mão com suave carinho,
E começou, sem pressa, a me revelar:
“Tiveste amores que o tempo guardou,
Mas o maior, minha filha, virá depois.”
E com um sorriso que tudo acalmou,
Sumiu entre sombras, sem deixar “adeus”.
Quem crê nas ciganas de saias ao vento?
Eu, criança, sentia um medo profundo,
Quando no cruzeiro, alto pensamento,
Via os acampamentos fora do mundo.
Mas tudo mudou quando, um certo verão,
Foram ao sítio do meu pai, em festa.
Larguei o receio, cedi à emoção...
E paquerei um cigano, sem pressa!
Eles — tão belos, em ouro e fulgor —
Mulheres, homens, com brilho e feição.
Caminhavam leves, com ar encantador,
Como se dançassem com o chão.
O chefe — Garcia — homem de presença,
Tinha olhar sábio, de quem sabe ouvir.
Com ele, senti que a vida é crença,
E que o destino sabe aonde ir.
Hoje, após a leitura que ela me deu,
Vivo com calma, sem desilusão.
Talvez o príncipe ainda não apareceu,
Mas guardo a esperança no coração.
E se o amor maior ainda há de chegar,
Que venha em seu tempo, sereno e real.
Enquanto isso, escolho acreditar...
Com poesia e fé no bem que é imortal.
Neide Rodrigues
Natal, 05 de setembro de 2024