799/2025 - O Poeta do Chiado
O Poeta do Chiado
Por Neide Rodrigues
Em Lisboa, onde a alma se derrama,
Nas pedras do tempo e da tradição,
Repousa o Chiado, bairro que inflama
O verso antigo e a inspiração.
No Largo, ecos da Cerca Fernandina,
De torres que guardaram a cidade.
Hoje, igrejas elevam sua doutrina,
Onde antes vivia a sentinela da saudade.
Ali passeia, em bronze eternizado,
O poeta António, o Chiado apelidado,
Que entre ruas e cafés encantados
Versava a vida, satírico e apaixonado.
Da Encarnação ao Loreto encantado,
O chafariz cantava em água e pedra,
E Neptuno, senhor outrora coroado,
Hoje repousa em Dona Estefânia, à espera.
Chiado é arte, é rima, é emoção,
É Lisboa em sua veste mais poética.
É história viva, é o sopro da canção
Que a cada passo se torna profética.
Ó bairro amado de poetas e saudade,
Guardas nas praças tua eternidade.
Chiado, és verso, tempo e memória,
Um relicário esculpido na história.
Natal, 28 de abril de 2014
Neide Rodrigues
Enviado por Neide Rodrigues em 03/07/2025
Alterado em 03/07/2025