771/2025 - Tradição Não É Modismo
Tradição Não É Modismo
Por Neide Rodrigues
Dias atrás, presenciei um comentário sobre uma artista que, segundo alguém, “só cantava forró”. Levei o comentário para mim, porque costumo dizer algo parecido. E me explico: não é que eu não goste de forró. O que não gosto é do que fizeram com ele.
Sou apaixonada pela verdadeira música popular brasileira. Tenho um gosto peculiar pelo que é bom, pelo que preserva raízes e fala com verdade. O forró de raiz, por exemplo, é poesia em movimento, é ritmo com identidade — aquele que carrega a sanfona, o triângulo e a zabumba como instrumentos de alma e cultura. Mas o que vemos hoje, muitas vezes, são versões distorcidas, embaladas por modismos que afastam a música de sua essência.
Vejo artistas se desfigurando para agradar a um público que foi ensinado a consumir o que é imediato. E a política cultural? Pouco ou nada faz. O resultado é uma mistura sem critério: é forró no axé, é axé no forró. E eu — não sou Maria que vai com as outras.
Acredito que há espaço para todos os estilos, sim. Mas isso não significa apagar a tradição. Cada manifestação cultural tem seu tempo, seu contexto, seu valor. Carnaval será sempre carnaval. Festa junina será sempre festa junina. Vaquejada será sempre vaquejada. Quando tudo se mistura de forma aleatória, perde-se o respeito por cada uma dessas expressões.
Meu olhar é crítico, mas vem do amor. Amor pela arte, pela história, pela cultura do nosso povo. O que desejo é ver nossas festas preservadas, nossas músicas respeitadas, nossos artistas valorizados por sua autenticidade — não por sua capacidade de se moldar ao que está “na moda”.
Que sejamos, todos, defensores da beleza que mora na tradição.
Natal, 18 de junho de 2025
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Neide Rodrigues
Enviado por Neide Rodrigues em 18/06/2025
Alterado em 18/06/2025