Trilogia poética de Neide Rodrigues
Nesta trilogia poética, convido você a mergulhar nas camadas profundas do ser, onde cada passo revela mais que um caminho: revela o próprio eu.
Cada poema é um momento de escuta interior, um diálogo silencioso com as dores, descobertas e renascimentos que marcam a alma.
Aqui, não há pressa de chegar; há apenas o desejo sincero de sentir e transformar-se.
Pois atravessar-se é, acima de tudo, um ato de coragem.
1. Em Mim, Eu Segui (introspecção inicial)
Fui recolhendo as partes esquecidas,
Fragmentos do que nunca entendi.
A alma, cansada das corridas,
Parou, e ali, em mim, eu prossegui.
Toquei as sombras com as próprias mãos,
Visitei dores que nunca olhei.
Nos becos do ser, sem direção,
Encontrei verdades que neguei.
Encarei a voz que em mim se escondia,
Ouvi silêncios que ninguém ousou.
Aprendi que a dor também guia,
E até o medo me transformou.
E segui pra dentro, devagar,
Descobrindo o que me faz ser quem sou.
Segui sem pressa de chegar,
Pois a viagem... já me transformou.
2. Seguir é Viver (progresso do caminhar)
Recolhi afetos perdidos no tempo,
Lembranças que o vento não levou.
Teci esperanças no meu pensamento
E segui, mesmo quando a alma hesitou.
Encontrei abrigo no gesto mais simples,
Na brisa leve, no olhar acolhedor.
Mesmo ferida, mesmo em cacos,
Fui colhendo as pétalas do amor.
Não pedi mapas, nem trilhas seguras,
Apenas desejei sentir o caminho.
E mesmo entre curvas e amarguras,
Segui, pois jamais estive sozinha.
Segui não por ter todas as respostas,
Mas por ter coragem de ir além.
E nessa travessia imperfeita e exposta,
Descobri que seguir... também faz bem.
3. Na Estrada, Eu Segui (desfecho da jornada interior e exterior)
Segui por trilhas, vales, ventania,
Com os pés feridos e a alma em oração.
Vi nascer o sol em manhã vazia,
E o frio da noite tocou meu coração.
Passei por cidades e rostos estranhos,
Por becos esquecidos e calçadas sem fim.
Sorri para sombras, enfrentei meus prantos,
E ouvi o mundo falando dentro de mim.
No campo, abracei o cheiro da terra,
Na chuva, deixei cair minhas defesas.
Na estrada, fiz da dor uma nova guerra,
E da esperança, as minhas fortalezas.
Segui por mim, por todos os lugares,
Sem saber ao certo o que encontrar.
Mas em cada passo e novos ares,
Era a mim mesma que eu ia buscar.
Natal, 08 de junho de 2025
* Imagem criada através da inteligência artificial