Entre o Silêncio e a Saudade
Neide Rodrigues
É madrugada, e no silêncio do meu quarto me refugio entre papéis espalhados, poesias soltas e contos inacabados. Cada palavra que escrevo parece buscar por ti, como se pudesse, de algum modo, tocar teu nome novamente com os dedos da memória. Me perco nesse vai e vem de lembranças que o tempo não consegue apagar — não porque ele não tente, mas porque certas presenças continuam vivas mesmo na ausência.
É um momento de transição. O presente e o passado se entrelaçam, dançam lentamente sob a luz tênue do abajur, como se não houvesse pressa de partir. E então a saudade canta. Depois chora. Tudo em silêncio, para não despertar o coração — esse abrigo onde ainda moras, sereno e eterno, mesmo sem saber que ficou.
Natal, 5 de junho 2025