Poetisa Neide Rodrigues
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712/2025 - Raízes Literária: A Semente e o Encanto
Titulo: Raízes Literárias
Capítulo: A Semente e o Encanto
(Minha Primeira Referência Literária)
Autora: Neide Rodrigues

“As palavras têm raízes mais profundas do que imaginamos — elas florescem primeiro dentro da alma.”
🌹Neide Rodrigues


Estudava o primário na Escola José de Albuquerque Maranhão quando, pela primeira vez, ouvi dizer que, em nossa cidade, havia nascido um escritor renomado, no Catu, para ser exata. Aquela notícia chegou até mim como um sopro mágico. Fiquei deslumbrada, encantada como quem descobre um tesouro escondido bem debaixo dos próprios pés.

Naquela altura da vida, eu já era apaixonada por palavras. Havia em mim uma sede por poesia e pensamento. Meus olhos brilhavam ao ler Manuel Bandeira, com sua Pasárgada que me ensinou a fugir em pensamento; Gonçalves Dias, com sua saudade patriótica e da alma; Olavo Bilac, que moldava os versos como quem esculpe o silêncio; Vinícius de Moraes, o poeta do amor, apaixonado até mesmo na despedida; Cecília Meireles, que cantava porque o instante existia; Castro Alves, que me mostrou a dor e a luta nas velas rasgadas do tempo... e as prosas intensas e necessárias de Graciliano Ramos, que tanto amo. Esses nomes já me acompanhavam silenciosamente, como velhos amigos de papel.

Mas saber que um escritor surgira do mesmo chão que os meus passos tocavam... ah, aquilo acendeu ainda mais a chama! Era como descobrir que os sonhos também podiam nascer aqui, no nosso cantinho, e alçar voo pelo mundo.

E foi assim que tomei conhecimento do poeta Homero Homem Siqueira Cavalcanti, natural de Canguaretama — meu chão, minha raiz. Ao ler seus versos, senti que as palavras que tanto amava também corriam pelos mesmos rios que banharam minha infância. Uma de suas poesias, em especial, ficou marcada na minha memória como um espelho da terra que me formou:

Rios de Canguaretama
Homero Homem Siqueira Cavalcanti

Ôi, minha terra, mãe Canguaretama
com seu rebanho de águas de correr
e fonte de banhar e enxaguar:
Catú, Golandi, Curimataú, Piquiri, Cunhaú, Pituaçu.

Ah, música humilde/terna dessas linfas
de tez moreno-claro como as moças
com seus cachos de rios
e coxas de riachos refletidos
no canto das levadas.

Catú, Golandi, Curimataú, Piquiri, Cunhaú, Pituaçu.

Seis pias de batismo com seus cantos de curió
e cheiro de currais
cintos de castidade,
berço manso que voga em mim, entre canaviais.

Ao ler esses versos, tive a certeza: a poesia também habitava aqui, entre os coqueirais e o murmúrio dos rios.
E com ela, nasceu em mim a vocação — tímida semente que floresceu no silêncio da alma.
Escrevia pensamentos e pequenas quadras, como quem costura sonhos em papel...
Mas só muitos anos depois, com o incentivo generoso do amigo e poeta Julio Piovesan, foi que minha escrita encontrou coragem, forma e voz

Natal, 19 de maio de 2025
Neide Rodrigues
Enviado por Neide Rodrigues em 19/05/2025
Alterado em 19/05/2025
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