Infância Verdejante

Acordávamos com o canto dos pássaros, suaves sinos da natureza anunciando o nascer do dia. Ao redor da casa, árvores frutíferas ofereciam sombra e alimento: manga, caju, goiaba, pitanga... o quintal era um paraíso. Logo cedo, cuidávamos do jardim, do terreiro e das pequenas tarefas do lar. As plantações exigiam mãos atentas e a escola, mente desperta. No sítio vizinho, o canavial se estendia como um mar verde, e ali íamos às vezes ajudar na colheita, entre risos e o barulho das folhas sendo cortadas. A infância florescia assim — simples, viva, banhada de sol e cheiro de terra molhada.

Canto da manhã —
despertam mãos pequeninas
entre frutos e chão.

Neide Rodrigues
Natal, 11 de maio de 2025