Poetisa Neide Rodrigues
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512 - Sherry, Doce Companheira

Livro "Caminhos de Versos e Prosas"   

Sherry, Doce Companheira (Poesia)

 

Naquela manhã de outubro, o sol brilhou igual, 

Sem presságio algum da dor que viria afinal. 

Deixei para trás teu olhar terno e fiel, 

Sem saber que seria o adeus mais cruel. 

 

Pequenina, chegaste com apenas dois meses, 

Um sopro de vida, entre dores e reveses. 

Deus te enviou para acalmar meu coração, 

Que sangrava ainda, em silente desolação. 

 

Foste mais que um ser de quatro patas e olhar brilhante, 

Foste sombra, confidente, amor constante. 

Dez anos de lealdade, alegria e calor, 

Presença doce, consolo em cada dor. 

 

O dia sombrio chegou sem aviso, 

E o grito da perda ecoou sem juízo. 

Teu corpo quieto, mas tua essência ali, 

Nos cantos da casa, nos traços de mim. 

 

Recordo teus passos, tua alegria ao correr, 

Teu medo dos fogos, buscando-me para proteger. 

Tua cabeça em meu colo, refúgio e paz, 

Um amor que o tempo não desfaz. 

 

O vazio agora grita, mas a memória abraça, 

Cada instante vivido, cada esperança. 

Amar-te foi um dom, uma lição singela: 

O amor verdadeiro vive, mesmo sem a matéria bela. 

 

Teu legado é luz que nunca irá partir, 

Em cada lembrança, continuo a te sentir. 

Obrigada, Sherry, por existir em mim, 

Companheira doce, amor sem fim. 

 

Neide Rodrigues, 13 de outubro de 2024 

Membra da ALC - Academia de Letras de Canguaretama 

Cadeira 03 

Patrono André de Albuquerque Maranhão 

 

 

 

 

Sherry, Doce Companheira (Prosa)

 

Naquela manhã de outubro, o sol parecia brilhar como sempre. Não havia qualquer sinal de que algo ruim aconteceria. Saí de casa com pressa, deixando para trás nossa fiel companheira, Sherry. Ela tinha apenas dois meses quando chegou, pequenina, indefesa, separada da mãe. Foi como se Deus a tivesse enviado para acalmar meu coração, que ainda sangrava pela perda de um cão muito amado. Esse havia sido brutalmente atacado por um animal feroz, uma tragédia que ainda ecoava em minhas lembranças. 

Sherry não era apenas uma cadela. Durante dez anos, ela foi nossa sombra, amiga, confidente. Quando voltei para casa naquele dia, tudo parecia normal, até eu ser recebida com a notícia que transformaria aquele dia em um dos piores da minha vida. Ela tinha partido. 

Senti o chão sumir sob meus pés. A dor foi instantânea e aguda. Ao receber a notícia, um grito escapou dos meus lábios. Lembro-me de que minha visão ficou turva e o som ao redor desapareceu por um momento. Eu havia acariciado Sherry antes de sair, como fazia todas as manhãs. Ela se estendeu no chão, toda entregue ao meu afago. Como poderia imaginar que seria a última vez que a veria? "O que queres de mim, ó Senhor?" foi tudo o que consegui murmurar, com o coração rasgado pela dor. 

Enquanto tentava processar o que havia acontecido, as lembranças dos dez anos que passamos juntas começaram a passar como um filme na minha mente. A imagem dela correndo alegremente pela casa, me acompanhando em todas as tarefas diárias, buscando refúgio no meu colo nos dias em que os fogos de artifício a assustavam. Sua presença, sempre constante e reconfortante, era mais do que uma simples companhia; era uma fonte de luz que iluminava nossos dias. 

Conviver com essa nova realidade parecia impossível. Como lidar com a ideia de que não a teria mais ao nosso lado, nos nossos dias rotineiros e, ao mesmo tempo, extraordinários por causa dela? O peso dessa ausência começou a me esmagar. 

De luto, sentada em um canto da casa onde ela costumava deitar, as lágrimas desceram livremente. Foi então que percebi a profundidade do que eu sentia por Sherry. Eu a amava mais do que a muitos seres humanos. Com ela, tudo parecia mais leve, mais simples, como se o mundo ficasse mais suportável. Sua perda me ensinou uma lição dura, mas essencial: a importância de dizer às pessoas — e sim, até aos nossos animais — o quanto as amamos, enquanto ainda temos tempo. Porque o tempo é implacável, e as despedidas podem chegar sem aviso. 

Agora, o vazio é profundo, mas as memórias de Sherry continuam vivas dentro de mim. Ela pode ter partido, mas seu legado de amor, lealdade e luz nunca será esquecido. E mesmo que a dor ainda seja intensa, sou grata por ter tido a chance de amá-la. Porque, no final, é isso que realmente importa: o amor que damos e recebemos ao longo da vida, seja por pessoas ou por nossos doces companheiros de quatro patas. 

 

Neide Rodrigues, 13 de outubro de 2024, 

 

 

 

Neide Rodrigues
Enviado por Neide Rodrigues em 13/10/2024
Alterado em 03/02/2025
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