Entre Arestas e Candidaturas

O ciclo eleitoral, sempre próximo, revela-se um cenário de profundas contradições. Amigos de longa data, que antes compartilhavam risos e confidências, veem-se agora distantes, tomados pela competição desenfreada que a campanha exige. A proximidade das urnas transforma o ambiente em um campo de batalha onde a honestidade parece uma relíquia distante, abandonada à sombra de estratégias e promessas.

Os bastidores da política se transformam em um espaço onde a integridade se dilui, substituída por jogadas calculadas e alianças efêmeras. O que era, em essência, um serviço ao bem comum, passa a ser encarado como uma profissão em que o prestígio e o poder se sobrepõem aos ideais originais. O político que deveria ser o representante da justiça e da verdade se torna, muitas vezes, um mero operador de uma máquina que gira em torno do interesse próprio.

Em cada eleição, o cenário se repete como uma peça desgastada. As promessas são lançadas ao vento, e as intenções genuínas se misturam com a retórica vazia. A arena política se transforma em um campo onde os princípios são sacrificados no altar da ambição, e onde a busca por votos pode eclipsar a verdadeira essência da missão pública.

É um espaço complexo, onde a esperança de um futuro melhor muitas vezes se perde entre as arestas das disputas eleitorais. E enquanto o ciclo se reinicia, resta a expectativa de que, em meio ao tumulto, surjam aqueles que consigam transcender a superficialidade e resgatar a política como um verdadeiro serviço ao povo, onde o compromisso com a honestidade e o bem coletivo se sobreponham às estratégias e ambições pessoais.

Neide Rodrigues, 03 de setembro 2024.